sábado, 19 de junho de 2010

Águas contra Águas

Águas de Coimbra poderá processar Águas do Mondego
Empresa multimunicipal será responsável pelas 16 rupturas que provocaram a confusão e a falha de água em vários pontos da cidade
A Águas de Coimbra (AC) responsabiliza e pondera processar a Águas do Mondego (AM) pelo caos que, desde quinta-feira, se instalou em alguns pontos da cidade, causado pelo rebentamento de várias condutas que provocaram várias horas de falhas no abastecimento de água a casas de habitação e estabelecimentos comerciais de Coimbra.
Ontem à tarde já só o Terreiro da Erva estava sem água, encontrando-se os técnicos a reparar a última ruptura, naquela zona. No entanto, de acordo com Marcelo Nuno, ao todo, e em poucos dias, foram 16 as rupturas de água na cidade, o que se ficou a dever, segundo o responsável, ao facto de a AM ter colocado em funcionamento «um novo reservatório [instalado na Boavista]» que era suposto entrar em funcionamento ao mesmo tempo que uma conduta, cuja obra não está concluída.
«O reservatório está construído a uma quota mais elevada e, logo, a água sai com mais pressão», explicou, ao DC, o presidente do Conselho de Administração da AC. Uma vez que não estava em funcionamento a tal nova conduta, a água passou a circular na infra-estrutura da AC para a distribuição que «além de velha, não estava preparada para tanta pressão» e rebentou em vários pontos, adiantou Marcelo Nuno. O responsável reuniu-se ontem à tarde «de emergência» com técnicos e elementos do Conselho de Administração da AM, ficando a saber que a obra da tal nova conduta, com ligação à Quinta Nova, está parada porque «coincide com a passagem do Metro Mondego, estando, portanto, à espera de uma definição daquela empresa».
De qualquer forma, a AC exigiu «a reparação rápida do problema», o que acabou por acontecer até ao final do dia de ontem, tendo ficado estipulado que o procedimento, da responsabilidade da AM, se faria em três fases, de modo a que a Águas do Mondego pudesse «colocar uma válvula que reduz a pressão e os caudais» provenientes do novo reservatório, passando a monitorizar todo o sistema. Solução que será «posta em prática» este fim-de-semana.
AM não dá explicações
Outra das conclusões da reunião de ontem foi a de que a AM se terá de responsabilizar «e assumir todos os custos associados às rupturas, reparação e perdas de água» inerentes a este episódio. «E isto até ao último metro cúbico», garantiu Marcelo Nuno, adiantando que a Águas de Coimbra está já «a estudar com juristas se cabe ou não outro tipo de responsabilidades à Águas do Mondego», nomeadamente, «se confere à Águas de Coimbra pedir uma indemnização».
Sem querer colocar em causa a mais-valia do reservatório da AM que foi accionado, «que permite reduzir custos, à Águas do Mondego, mas também à Águas de Coimbra», Marcelo Nuno garantiu que a empresa municipal não tem qualquer responsabilidade no que aconteceu nos últimos dias. «Não temos culpa que não tenham conduta, que não foi feita porque o metro se atrasou», afirmou o responsável, recordando que, «num ano houve três rupturas nas condutas da AC e, em poucos dias, 16».
O Diário de Coimbra tentou obter esclarecimentos junto da administração da Águas do Mondego, mas a assessora de Imprensa daquela empresa multimunicipal apenas confirmou a realização, durante a tarde de ontem, de uma reunião «entre técnicos da Águas de Coimbra e da Águas do Mondego para discutir essa problemática», tendo as partes chegado «a um acordo operacional, dividido em três fases». De resto, no que respeita a responsabilidades, adiantaram não ter «nada a declarar».

In Diário de Coimbra

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