sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Degradação da Escola Santa Cruz preocupa pais



Por Zilda Monteiro


A degradação que se verifica nas instalações da Escola Santa Cruz, na avenida Sá da Bandeira, está a deixar os pais “muito preocupados”. As obras realizadas num edifício contíguo à escola ameaçou a estabilidade de um dos muros do recinto deste estabelecimento de ensino e, neste momento, por motivos de segurança, as crianças estão proibidas de brincar no exterior do edifício. O atual estado de degradação da escola básica de Santa Cruz está a condicionar o dia a dia das crianças que frequentam este estabelecimento de ensino. Os pais estão “muito preocupados” e alertam para o perigo que se vive no recinto.

A remodelação e ampliação da escola já foi aprovada pelo executivo camarário mas, ao contrário do que os pais esperavam, as obras ainda não começaram, não devendo iniciar-se antes de 2013. Para além da necessária requalificação, os pais lembram que em setembro a situação se tornou “ainda mais grave” já que, na sequência da realização de obras num edifício contíguo à escola, “o muro ameaçou ruir”.

O perigo eminente conduziu à proibição dos alunos brincarem no pátio exterior, ficando assim obrigados a permanecer no exterior da sala onde funciona habitualmente o ATL.

“Está a ser muito complicado. As crianças passam o dia inteiro fechadas numa sala, ou na sala de aula ou na sala do recreio, e nota-se que no final do dia querem explodir”, explica Rute Pimenta, mãe de um aluno da quarta classe. O facto de não brincarem no pátio está inclusive, segundo esta mãe, a “mexer com a concentração” durante as aulas.

A preocupação de Rute Pimenta é partilhada por outros pais e, segundo dizem várias mães, por toda a comunidade educativa.

Sandra Abreu também tem um filho na quarta classe, que frequenta este estabelecimento de ensino desde o primeiro ano. Diz que não é apenas a questão do muro que a aflige, mas sim a “degradação que se vê em toda a escola”. Esta opinião é partilhada por Diana Vieira, para quem a “solução passa obrigatoriamente pelas obras”.

“A escola não tem condições nenhumas. Não é só mau para os nossos filhos, é também mau para os professores e auxiliares. A minha filha está saturada e pede para a irmos buscar muito cedo, o que não podemos fazer porque trabalhamos”, conta esta mãe de uma aluna do quarto ano.

Para Dina Almeida, que também tem uma filha no quarto ano, esta já é uma luta pelo futuro de outras crianças, uma vez que acredita que a sua filha sairá antes da anunciada requalificação. Lamenta que a degradação seja evidente “em todo o edifício, desde as salas, aos espaços onde brincam”.

Situação do muro deve estar resolvida na próxima semana

Às preocupações dos pais, a Câmara de Coimbra responde com soluções. Magalhães Cardoso, diretor municipal de Administração do Território de Coimbra, sublinha que a Câmara está atenta, tem acompanhado todo o processo e garante que, relativamente à questão do muro, esta situação deverá estar resolvida dentro de dias, estimando que na próxima semana os mais de 90 alunos já poderão retomar o seu dia a dia normal, usufruindo do recreio.

Este condicionamento a que estiveram sujeitos surgiu na sequência do embargo das obras no edifício vizinho, propriedade da Casa de Infância Elysio de Moura, por falta de licença camarária. Como o muro se encontrava “instável”, a autarquia agiu “com grande celeridade” e notificou o proprietário e o arrendatário e deu-lhes prazos curtos para apresentarem soluções. “Eles cumpriram os prazos, deram duas hipóteses e a Câmara escolheu a que considerou melhor”, refere Magalhães Cardoso, adiantando que a obra começou na terça feira (6 de novembro) e deverá prolongar-se por cinco dias. Assim, se tudo correr como previsto, o problema do muro deverá estar resolvido na próxima semana.

Segundo Magalhães Cardoso esta solução passa pelo “desmonte da parede que está em perigo”. Admite que esta não é ainda uma “solução definitiva, mas é uma solução que resolve o problema principal que é o problema da segurança no pátio da escola e, consequentemente, a segurança dos alunos”.

As crianças vão poder assim brincar novamente no pátio, num espaço que Magalhães Cardoso considera “precioso”, ainda mais tratando-se de uma escola com aquela estrutura, onde não abundam os espaços ao ar livre.

Obras só deverão começar em 2013

Por resolver continuará o problema da degradação do edifício. O projeto de remodelação e ampliação já foi aprovado pela Câmara e, segundo o vereador Paulo Leitão, a autarquia já recebeu “proposta de adjudicação”, que terá que ser submetida a reunião de Câmara e posteriormente, caso seja aprovada, re-encaminhada para apreciação pelo Tribunal.

O problema das restrições orçamentais a que os municípios estão atualmente sujeitas, que determinam que uma obra só pode ser começada quando existam garantias de que há fundos disponíveis para o efeito, é outro condicionalismo ao arranque da intervenção.

Magalhães Cardoso lembra que neste momento, quando se aproxima o final do ano, “está um exercício orçamental a acabar e um novo a começar”, não havendo “garantia absoluta de que se possa fazer a consignação e a entrada rápida em obra”.

“Embora nos pareça que é, de facto, das obras mais importantes que temos ao nível da rede escolar do concelho o mais previsível é que não comece antes de 2013”, refere.

A intervenção prevista para a Escola de Santa Cruz representa um investimento de cerca de 750 mil euros e deverá durar perto de um ano. A obra prevê a remodelação das infraestruturas existentes e prevê também um alargamento, passando no futuro a escola a dispor de refeitório e copa e quatro salas de aula. Irá dispor também de área suplementar para as atividades de expressão plástica, gabinetes de trabalho de professores, um gabinete de atendimento, uma sala de convívio para professores e uma biblioteca escolar, para além dos apoios de arrumos, instalações sanitárias e vestiários para crianças e adultos. O projeto prevê ainda o tratamento do pátio exterior, que será nivelado e acabado a pavimento duro.